Inovações tecnológicas que contribuem para a indústria

O seu corpo conectado aos dispositivos tecnológicos. Um clone digital. Vasos sanitários que analisam clinicamente suas idas ao banheiro. Impressoras de DNA. Parecem ideias saídas de distopias como Black Mirror? Pois aperte os cintos: essas inovações estão mais perto da realidade do que pensamos — e foram destaque na última edição do SXSW, com a apresentação […]

Por Jonathas Coelho
Publicado em 01/04/2021

O seu corpo conectado aos dispositivos tecnológicos. Um clone digital. Vasos sanitários que analisam clinicamente suas idas ao banheiro. Impressoras de DNA. Parecem ideias saídas de distopias como Black Mirror? Pois aperte os cintos: essas inovações estão mais perto da realidade do que pensamos — e foram destaque na última edição do SXSW, com a apresentação do Emerging Tech Trend Report 2021. Produzido pela Future Today Institute (FTI), o material permite descobrir percepções críticas para líderes de negócios, estratégia e governos — dando maior clareza sobre o que vem pela frente.

Apresentado por Amy Webb, professora de previsão estratégica na NYU Stern School of Business, o estudo analisou cerca de 500 tendências de tecnologia e ciência em vários setores, sendo muito nutridos pelos eventos cataclísmicos do ano passado. O material traz 12 relatórios com tendências de diversos assuntos. Em sua modelagem, o robusto levantamento parte de um framework, chamado de wheel of disruption. Nele, estão dispostas 11 macroforças que representam incertezas, mas com regras críticas sobre como o futuro se desenvolverá — e fazendo essa roda girar. 

A especialista apresentou três clusters principais, com algumas tecnologias complexas e distantes de nossa realidade — e outras mais próximas de nosso dia a dia, que valem a pena ser acompanhadas de perto. Alguns exemplos:

You of Things (YoT): se na Internet das Coisas os dispositivos se interconectam e interagem entre si pela internet, a YoT propõe uma rede ao qual seu corpo se conecta por meio de wearables ou itens embutidos em sua anatomia, enviando dados de forma recorrente para terceiros, com informações de saúde, hábitos e mudanças de comportamento. A cada ano, caem mais as vendas de smartphones, uma vez que as pessoas buscam soluções como relógios, óculos e, até mesmo, roupas inteligentes. A busca desses aparelhos envolve saúde — e esse monitoramento traz muitas possibilidades, como alertar seu médico sobre anomalias na pressão, temperatura ou batimento cardíaco, automaticamente também disparando ações de remoção ou de atendimento, especialmente se o indivíduo tem alguma limitação.

Closed circuit loop: tecnologia que busca isolar a rede de nosso corpo, impedindo ou reduzindo a chance dos dados serem lidos e capturados por agentes externos, como hackers. Uma das empresas que possui solução neste segmento é a Nauralink.

Brain controller interfaces: sistema em desenvolvimento pelo Facebook para remover qualquer barreira entre humanos e máquinas. Você poderá, nesta tecnologia de YoT, acionar devices apenas por impulsos do seu cérebro.

Biometria comportamental: se sua roupa ou acessórios capturarem dados o tempo todo por meio de data points próximos ao seu corpo, poderão entender tudo sobre você por meio de machine e deep learning. Assim, podem entender se de fato é você que está ali, traçar padrões do seu comportamento e permitir uma autenticação, recompensas e até punições a partir disso. Um exemplo prático é o sistema da Ooler, que promete um sono mais profundo e agradável, ajustando a temperatura corporal independentemente da influência externa, além de acordá-lo sem a necessidade de um despertador.

Lumen: dispositivo que rastreia e analisa seu metabolismo ao longo do dia. O usuário sopra em sua extremidade, ajudando a compreender o que você deve comer, como mais carboidratos, mais água ou menos carne — e, também, conferindo se seus hábitos estão saudáveis. No entanto, pode ser um comportamento estressante, caso você faça essa verificação o dia todo.

Covid scanner: tecnologia que impede uma porta de ser aberta se identificar risco da doença no indivíduo, mapeando sua temperatura corporal por meio de scanners digitais. Além disso, permite medir a capacidade do ambiente para não superar o limite permitido. Uma solução simples para não expor funcionários a fazer essa verificação nas portas de estabelecimentos, como é recorrente no Brasil.

Vaso sanitário inteligente: você vai ao banheiro, e ele realiza exames médicos a partir de seus dejetos. Os dados são enviados automaticamente para seu médico, que poderá acompanhar e sugerir ações de acordo com os resultados.

GeniCan: dispositivo já existente que, anexado ao seu lixo, escaneia o que é descartado. Além disso, pode ser integrado com lojas online ou mercado: se você jogar fora uma caixa de leite, por exemplo, uma nova é solicitada automaticamente. Também pode orientá-lo sobre o que vem consumindo e como vem separando os resíduos. 

Realidade mista (diminished reality): é uma forma de diminuir ou suprimir elementos reais, como sons ou objetos, utilizando dispositivos inteligentes. Abafadores de som podem ser plugados em janelas, isolando você de todo o barulho ambiente para se concentrar. O mesmo funciona com óculos que modificam sua visão, decidindo o que você verá ou não, em uma mescla de ambiente físico e virtual.

Digital extension: extensões de pessoas reais que podem ser sintetizadas em um avatar físico ou virtual com treinamento para conversar com você ou fazer companhia. Existem outras possibilidades, como lojas que disponibilizam synths, avatares para sintetizar sua personalidade, para a qual você pode comprar roupas ou elementos visuais que o tornam mais semelhantes a você. A Microsoft criou ainda uma tecnologia permitindo reencarnar pessoas mortas em chatbots, utilizando uma inteligência que rastreia suas redes sociais e mensagens de texto. Isso, no entanto, abre questões existenciais e éticas sobre como nossa imagem será usada depois de partirmos, abrindo flanco para crimes ou fraudes por meio desses sintetizadores.

Biologia sintética: envolve o redesenho de organismos para diferentes propósitos científicos, permitindo ler genomas, editar dados genéticos e produzir novos códigos em organismos vivos e replicáveis. Já existe uma impressora de DNA que permite criar genes, clones e novas bibliotecas e variantes inteiras do DNA. O sistema é utilizado por laboratórios para agilizar o desenvolvimento de tratamentos, vacinas e diagnósticos para o câncer e doenças infecciosas.

O material completo, que é muito mais extenso, pode ser lido na íntegra aqui. É uma leitura obrigatória para os amantes de novas tecnologias e quem quer ficar antenado no futuro de nosso mundo. Um horizonte onde o virtual se fundirá cada vez mais ao real. O amanhã é agora. E está mais perto de nós do que imaginamos.

Publicado originalmente no Acontecendo Aqui.