O novo ciclo para grupos de comunicação nacionais

É possível crescer e gerar valor com comunicação, marketing e tecnologia sem necessariamente se aliar a um conglomerado internacional Uma rápida análise da lista de maiores empresas de criatividade e comunicação no País indicará um ciclo que o mercado vive há alguns anos. São players fantásticos, sem dúvidas, mas quase todos ligados a grupos internacionais. […]

Por Márcio Coelho
Publicado em 07/06/2021

É possível crescer e gerar valor com comunicação, marketing e tecnologia sem necessariamente se aliar a um conglomerado internacional

Uma rápida análise da lista de maiores empresas de criatividade e comunicação no País indicará um ciclo que o mercado vive há alguns anos. São players fantásticos, sem dúvidas, mas quase todos ligados a grupos internacionais. Fruto do potencial de crescimento e da atratividade do Brasil no contexto global, esse movimento foi benéfico porque trouxe competitividade e amadurecimento ao setor. Mas nem tudo são flores.

Hoje, os grandes clientes nacionais praticamente não têm alternativas: contratam, quase sempre, agências cuja filial brasileira é apenas uma dentre tantas outras no mundo inteiro. Essa dinâmica traz uma série de penalidades – que vão do overhead nos custos ao desalinhamento nas práticas de compliance. Há, ainda, uma complexidade muito maior envolvendo as estruturas organizacionais, com hierarquias que desestimulam a fluência e impossibilitam um relacionamento mais orgânico entre as partes.

Não quero, obviamente, propor uma limitação da presença de grupos internacionais em solo brasileiro. Isso seria um desvario protecionista que, inclusive, prejudicaria o mercado como um todo. Minha hipótese é a da formação de um novo ciclo – uma nova fase muito mais conectada às demandas de agilidade, flexibilidade e leveza que o mundo atual exige, avesso a um ambiente pesado e excessivamente corporativo.

Há uma oportunidade para a consolidação de grandes grupos nacionais no mercado. Empresas genuinamente brasileiras que ganham corpo tanto pela evolução de seus planos de negócio como, principalmente, por uma tendência cada vez maior ao crescimento inorgânico, que têm, claro, processos internos tão avançados e sofisticados como os de uma multinacional – mas que contribuem com uma visão diferente, proprietária e ciente das peculiaridades da nossa economia.

O mercado precisa estar atento a isso, inclusive para amadurecer conceitos e aprimorar mecanismos de crescimento. A modelagem de M&A também deve ser revista: operações poderiam ser estruturadas de forma mais ágil e juridicamente segura a partir da mudança do arcabouço legal que ronda o tema.

Trata-se de uma grande oportunidade para empresários e sócios de empresas do setor. É possível crescer e gerar valor com comunicação, marketing e tecnologia sem necessariamente se aliar a um conglomerado internacional. A consolidação de grandes players nacionais é um novo ciclo para ampliar a competitividade de empresas locais e aprimorar a entrega de comunicação aos nossos clientes.

Artigo publicado originalmente em Meio & Mensagem