OMTM, avalie o que importa, mas não seja tão purista

Você já deve ter ouvido falar do conceito por trás do OMTM, certo? Bom, se não escutou, não tem problema, porque hoje quero falar por qual motivo você não deveria aplicar ele, ao menos não agora. Até mesmo o nome “One Metric That Matters” pode ser problemático. Envia a mensagem de que você só precisa […]

Por Lucas Steffen
Publicado em 13/12/2020

Você já deve ter ouvido falar do conceito por trás do OMTM, certo? Bom, se não escutou, não tem problema, porque hoje quero falar por qual motivo você não deveria aplicar ele, ao menos não agora.

Até mesmo o nome “One Metric That Matters” pode ser problemático. Envia a mensagem de que você só precisa se concentrar em uma métrica para construir o crescimento do seu produto ou negócio — e por consequência pode enganar ou deixar muitas equipes com uma visão limitada da realidade. 

Não adote a filosofia do OMTM ou NSM se você ainda não entende o conceito de métricas de entrada e métricas de saída. 

Vamos para um exemplo hipotético:

Utilizando o futebol como exemplo, no qual um time de futebol almeja ganhar a Copa Libertadores, ou seja, sua North Star Metric será ser campeão do campeonato. E para atingir esse resultado precisará de vitórias, meio óbvio, ok, porém, seguindo o raciocínio, sua OMTM será o resultado das partidas, elas nortearam os ciclos e através dessa métrica saberemos o quão próximo estamos do nosso objetivo final.

  1. NSM = Copa Libertadores (campeão)
  2. OMTM = Partida de futebol (perder, empatar e ganhar)

Por mais que o futebol não seja uma ciência exata e um lance pode decidir o resultado final do jogo, ao olharmos friamente para o placar de 0x1, fica difícil analisar qual time teve o melhor desempenho durante o jogo, porém temos a certeza que o time visitante teve o melhor resultado, já que venceu o jogo.

Mas, isso significa que ele jogou melhor, teve uma melhor performance? Olhando apenas para o indicador principal temos a certeza que esse resultado irá se repetir? Acredito que não, certo?! 

Quando entendemos que métricas de entrada levam a métricas de saídas, analisamos de forma granular indicadores como “chutes a gol”, “roubadas de bola”, “posse de bola”, etc... e eles podem servir como termômetro para avaliar o desempenho do time, mesmo que ainda no caso anterior o resultado final (OMTM) diga o contrário. 

Olhando para esses indicadores mais granulares, a comissão técnica pode obter diversos insights do que levou o time a derrota e começar a colocar planos táticos em cima de cada de uma dessas métricas para melhorar o desempenho e por consequência ter melhores resultados finais. E como no futebol, os negócios não pode ser resumidos a apenas um indicador, todos eles são feitos de uma junção de N métricas que contam como anda a saúde daquela empresa. 

Isso quer dizer que eu não devo utilizar o conceito de NSM e OMTM? Pelo contrário, é uma ótima maneira de definir tanto indicadores de médio-longo prazo (NSM) que serão revisados por trimestre, semestre e indicadores que merecem atenção com rotinas e planos de controle mais granulares através do OMTM.

Porém, antes de aplicar o conceito acima, siga esses 3 passos que serão fundamentais na evolução dos conceitos de mensuração dos resultados:

1. SELECIONE UMA CONSTELAÇÃO DE MÉTRICAS

Selecione uma constelação de algumas métricas-chave de saída que capturam todas as dimensões do seu negócio. Certifique-se de que eles contabilizam a retenção, o envolvimento e a monetização e, em seguida, monitore o placar completo.

2. QUEBRE SUAS MÉTRICAS DE SAÍDA EM SUAS MÉTRICAS DE ENTRADA

Depois de identificar suas principais métricas de saída, construa a constelação dividindo essas saídas em suas métricas de entrada. Aprofunde-se até obter um conjunto de métricas de entrada acionáveis que possam impactar diretamente e, em seguida, crie seus experimentos para movê-las.

Embora as métricas de entrada sejam acionáveis, nem sempre geram melhorias nas métricas de saída. Você precisa estar disposto a descartá-los rapidamente, se após alguma experimentação, descobrir que movê-los não melhora a métrica de saída. As entradas que melhoram com sucesso a métrica de saída são os principais indicadores que você precisa identificar o mais rápido possível.

3. ENTENDA E MONITORE SUAS MÉTRICAS DE TRADEOFF

A próxima etapa é examinar a constelação completa de métricas, descobrir as relações entre elas e identificar as métricas de compensação. Como muitas métricas são interdependentes, para cada métrica que você tenta melhorar, determine onde em seu negócio você provavelmente verá uma contra-reação. Em seguida, trabalhe para encontrar um equilíbrio saudável entre as métricas opostas.

Depois de trabalhar neste processo de três etapas e construir sua constelação de métricas, prepare-se para se adaptar. Conforme o negócio cresce e muda, você pode precisar se concentrar em diferentes áreas, o que pode exigir novas métricas de entrada e saída.

No final do dia, essa constelação de métricas reflete a saúde do seu negócio, independentemente de você controlá-lo ou não. É bom simplificar e focar o máximo que puder, mas lembre-se de que você nunca encontrará uma métrica mágica, então se certifique de aumentar o zoom ao experimentar e diminuir o zoom ao dar um passo para trás para olhar para todo seu ecossistema de métricas.

Publicado originalmente em 13/12/2020 no Linkedin