Liberdade de trabalho: mesmo do outro lado do mundo

Até onde o trabalho assíncrono funciona e 14h de fuso não se tornam um problema? Foi preciso virar noites para a rotina do BR rodar tranquilamente? Mitos e verdades sobre uma das maiores aventuras de trabalho remoto na Austrália. Com direito a Cacatuas me dando bom dia na janela.

Por Felipe Seibert
Publicado em 26/03/2024

Antes de mais nada, é preciso amar viajar. Ser Nômade para mim não é apenas ter a liberdade de trabalhar no café do centro da cidade quando faltar luz em casa, ou poder conectar dentro do Uber enquanto respondemos alguns emails. Ser Nômade é o direito irrestrito e ilimitado de quebrar fronteiras geográficas. Única regra: respeitar os entregáveis e compromissos estabelecidos com o time e não deixar a roda parar, em uma engrenagem muitas vezes complexa de gestão de projetos (clientes x fornecedores x time interno).

Meu nome é Felipe Seibert, sou Head de Projetos na Brivia e sou, desde 2022, um obcecado pelo acúmulo de milhas. Aprendi o processo e agora só quero Salas Vips nos aeroportos e voos intercontinentais, pagando voos mais baratos e sendo mais esperto no processo de busca de voos.

E aí que entrou a possibilidade (e oportunidade única) de visitar alguns familiares em Sydney. E, de quebra, conhecer a sobrinha que já estava com 4 anos e que não tínhamos contato ao vivo ainda.

É sobre esse formato e cultura que está em jogo aqui: em nenhum momento me preocupei com a Brivia, pois a empresa já se posicionou e nos orientou que trabalho remoto, assíncrono e nomadismo são bandeiras e valores internos fortes. A preocupação aqui era COMO viabilizar essa viagem com 4 pessoas. Afinal, iríamos eu, minha mulher e meus sogros (no caso, os avós que estavam loucos para ver a neta). E essa liberdade de não ter que se preocupar em como a empresa perceberia essa aventura é o que me dava mais incentivo para viabilizar. 

A viagem foi tranquila, sem nenhum perrengue, e fomos muito bem recebidos na terra dos cangurus. O cuidado a partir de agora era equilibrar trabalho dentro de um fuso de 14h + turismo em um local totalmente novo + socialização com a família que não víamos há 8 anos.

E agora, pausa para a verdade: foi pesado.

Trabalho 100% assíncrono não funciona para o nosso perfil de entrega de serviço de alto nível, onde contato, relacionamento e orientações constantes são a chave para uma boa entrega. O que não quer dizer que não tenha sido incrível absolutamente tudo que vivi. A escolha foi minha. Portanto, ficar até 2h da manhã em reuniões com o time do Brasil ou acordar 5h AM para pegar o meio da tarde na América do Sul eram rotinas necessárias para não deixar a premissa principal se perder: entrega de qualidade.

Reuniões feitas, tarefas encaminhadas, aproximações estabelecidas… O turno da tarde em Sydney era o momento de turismo - onde todos dormiam no Brasil. E eram nessas horas que eu podia trabalhar com maior profundidade e adiantar coisas, pois eu “estava na frente no fuso”, sempre com um passo adiante no tempo :) 

E à noite era o momento da família, que seria impossível descrever aqui todas emoções sem encher algumas páginas.

Duas semanas de absoluto encanto. E 15 dias são “gerenciáveis” nesse furacão de relógio e conflitos de timing. Mesmo sendo difícil trabalhar nessa condição, só de pensar que foi possível porque a empresa permitiu e me bastava um notebook e internet, me deixaram realizado para contar, no dia de hoje, que foi uma experiência única. E que ter descoberto que existe lá do outro lado do mundo um país que respeita seus cidadãos, tem um clima excelente, um transporte público que funciona e uma arquitetura exuberante em cada esquina (e dezenas de parques), só aquecem os motores para pensar na próxima viagem. 

Viver desbravando é o que me move.